A Doença de Parkinson (DP) foi descrita pela primeira vez em 1755 por James Parkinson sob o nome de Paralisia Agitante. Sua descrição trazia a presença de movimentos tremulantes, diminuição da força muscular, tendência à alteração postural e dificuldade de marcha. Esses sintomas não produziam prejuízos dos sentidos ou do intelecto.
Apenas na metade do século XIX, com Charcot, a enfermidade ficou mais conhecida e passou a ser estudada. Em oposição a James Parkinson, Charcot fala da existência de prejuízos cognitivos. Sabe-se atualmente, da importância dos déficits cognitivos que compõem o espectro da Doença de Parkinson, déficits que já podem estar presentes na fase inicial da doença.
Em termos de dados epidemiológicos, a DP é a segunda doença degenerativa mais freqüente em idosos, acometendo 3,3% da população acima de 65 anos. Sua incidência está ligada diretamente ao envelhecimento: quanto mais idoso, maior o risco de apresentar o quadro de Parkinson. A faixa etária de risco situa-se entre 50 anos à 70 anos, com picos aos 60 anos. Há previsão de que 1% da população acima de 60 anos e 3% da população acima de 85 anos apresentarão sintomas significativos e suficientes para serem diagnosticados com DP.
Ainda não é possível apontar um único fator responsável por desencadear a DP. Nos meios acadêmicos, apostamos na teoria ecogenética, na qual, sobre uma predisposição genética prévia, se acestaria um fator ambiental, levando seqüencialmente à disfunção neuronal e à apoptose, com conseqüente depleção dopaminérgica nigro estriatal.
O diagnóstico da Doença de Parkinson é essencialmente clínico e deve ser realizado por neurologista. Além das alterações motoras, podem estar presentes alterações cognitivas, principalmente de função executiva e atentiva e transtornos psiquiátricos. As alterações neuropsiquiátricas mais freqüentes são: depressão, demência, ansiedade, alucinações, ilusões e psicose, perda de peso, transtornos do sono, disfunção autonômica, disfunção sexual, apatia. Essas alterações devem ser destacadas já que influenciam na qualidade de vida do paciente, aumentam os custos (diretos e indiretos) no tratamento e sobrecarregam ainda mais o cuidador.
Fontes:
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