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Novas pesquisas confirmam que tarefas diárias protegem neurônios

Parabéns ao Lab da UFRJ!!! Orgulho de ter sido UFRJ também!

 Caminhar pelo bairro, cozinhar, cuidar do jardim e outras tarefas rotineiras gastam poucas calorias, mas podem ser os melhores exercícios para deixar o seu cérebro em forma e evitar falhas de memória, antes e depois dos 60 anos. A boa notícia de que não é preciso se esfolar em exercícios intensos e suar em bicas para ter neurônios ativos por muitos anos foi comprovada em pelos menos três estudos divulgados esta semana, e pesquisadores brasileiros confirmam que atividades leves a moderadas protegem o cérebro de verdade.
Um dos estudos, liderado por Laura Middleton, da Universidade de Waterloo, no Canadá, mediu o gasto energético e a capacidade cognitiva de adultos acima de 60 anos, por dois a cinco anos. A maioria lidava com tarefas domésticas e os dados surpreenderam.
- O grupo mais ativo sofreu poucos danos cognitivos. Nosso estudo indica que não é preciso se dedicar a um treino vigoroso para proteger a mente - afirma Laura, cuja pesquisa foi publicada na "Archives of Internal Medicine". - Isso é alentador e deveria inspirar aqueles que se incomodam só com a ideia de ter que fazer qualquer exercício. 

Pouco tempo já faz efeito
Outra pesquisa, coordenada por Jae H. Kang, do Hospital de Brigham e da Mulheres da Escola de Medicina de Harvard, apontou resultado semelhante. A equipe acompanhou durante cinco anos mulheres de 70 anos com risco de doenças cardiovasculares, que contribuem para derrame e demência. O máximo de esforço que elas faziam era caminhar. Mesmo assim testes indicaram declínio na velocidade de perda cognitiva nas mais ativas. 

Isso não surpreende a psicóloga Aline Sardinha, do Laboratório de Pânico e Respiração (IPUB/UFRJ). O exercício ajudaria a liberar substâncias cerebrais que, além de bem-estar e redução da ansiedade, favorecem o desenvolvimento de neurônios e a formação de novas conexões (sinapses), o que permitiria manter a capacidade cognitiva.
- As atividades domésticas também exigem que o cérebro exercite sua capacidade cognitiva, de processar informação, de organizar o comportamento através de planos, de armazenar itens na memória, de focalizar a atenção. Isso ajuda a compensar perdas neuronais, pela formação de sinapses ou fortalecimento das já existentes - diz Aline. 

E vale se mexer emqualquer idade, porque as formações de neurônios e de novas sinapses (neuroplasticidade) continuam ocorrendo em algumas partes do cérebro, como o hipocampo, área importante para memória e aprendizado.
- Atividades em geral parecem ter algum efeito protetor - afirma a psicóloga.
Turíbio Leite de Barros Neto, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte (CEMAFE) e professor da Unifesp, concorda.
- Os exercícios mais leves podem proporcionar mais benefícios ao cérebro porque a sensação de prazer ao praticá-los são um ingrediente essencial para a química cerebral - comenta Turíbio. - O que parece importante é acumular um certo gasto calórico, cerca de 2.200 calorias por semana em atividades físicas e/ou ocupacionais, pelo menos três vezes por semana.
O neurologista Sérgio Novis, da Academia Nacional de Medicina, é da mesma opinião, e diz que as atividades leves a moderadas ajudam a controlar pressão alta e diabetes, fatores que contribuem para a demência vascular.
- A atividade física estimula a circulação melhorado o metabolismo cerebral - diz.
Foi o que indicou outro trabalho inédito realizado por uma equipe da Universidade de Columbia Britânica, publicado na revista "Neurobiology of Aging". Este estudo concluiu que o treino leve com pesos melhorou o fluxo de sangue e a capacidade de raciocínio em mulheres acima de 60.
Depois de passarem 12 meses se exercitando com pesos duas vezes por semana, elas tiveram desempenho superior em testes de capacidade mental em relação ao grupo de controle que havia participado de um programa para melhorar o equilíbrio e o tônus muscular. Imagens de ressonância revelaram que áreas do cérebro que controlam o pensamento permaneciam mais ativas nas mulheres que se exercitaram com musculação leve.
Também a equipe da pesquisadora Andrea Deslandes, do laboratório de Neurociência da Atividade Física na UFRJ e na UGF, constatou que a atividade física leve é excelente para o cérebro de idosos, conta o professor Andre Leta, diretor-técnico da Pro Forma. As pesquisas mostraram melhora significativa na saúde do cérebro com apenas duas sessões semanais de 30 minutos de treino aeróbio e força.
fonte: Jornal O Globo, 31/07/2011

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